quinta-feira, 10 de maio de 2012

Memórias de 18 anos



Na semana passada, numa das aulas de Francês, estávamos a analisar a letra de uma canção que, de certa forma, tinha a ver com as eleições presidenciais francesas. Foi quando a nostalgia me atacou e senti um aperto no meu coração e respirei pesadamente. Nessa canção residiam personagens  das quais  bem me recordo e que guardo no meu coração.
Mickey, Minnie, Tarzan, Tio Patinhas são algumas das personagens que estão lá e são personagens com quem eu cresci e que ainda hoje me fazem sonhar, passados já tantos anos.
Foi com estas personagens e muitas mais que eu e a minha geração crescemos e  mesmo outras que vieram  antes e também depois de mim. Elas levaram-nos a ousar  sonhar bem alto. É esta a  magia que estas personagens têm. Elas fazem-nos acreditar que conseguimos tudo e nada é impossível quando queremos e lutamos por algo que é importante para nós.
Através dos seus filmes e canções, foram-nos passados importantíssimos princípios, valores e questões que só mais tarde consciencializamos e que ainda hoje guardamos e guardo com tanto carinho e ternura. São mensagens que ficam gravadas em nós como um substrato sólido que nos acompanha pela vida fora.
Há uns dias atrás, vi o filme “Hércules” e … lembrava-me das falas das personagens e das canções. Era um dos meus filmes favoritos quando era miúda! Passava o dia a vê-lo e, quando acabava, a minha mãe punha-o a rebobinar e eu… via mais uma vez…e mais outra vez.
Nos nossos dias, ainda sou capaz de vê-los sem me cansar, pois foi com eles que cresci e sonhei e que ainda hoje mantenho  viva em mim a criança que eu espero nunca deixar de ser. Essa é a parte de mim que nunca há de envelhecer, porque eu acredito que existe uma parte de nós que nunca vai crescer, por mais que avancemos na idade. Afinal de contas, a minha prima tem 20 anos e foi ver o “Toy Story 3” aos cinemas, a minha mãe ainda hoje se delicia ao ver os filmes da Disney e eu vou fazer 18 anos em Maio e continuo a ver estes filmes e estas personagens que, passados já tantos anos, ainda conseguem encantar-me.
Autora: Rita Costa nº22 11ªL3

Sobre o êxito pessoal.


Muitas pessoas, pelos resultados positivos das suas ações, parece que nasceram ensinadas. A inteligência é uma faculdade específica de todo o ser humano, mas acontece que muitos não a exercitam, ao passo que outros constantemente põem à prova o seu QI.
 As pessoas nascem com várias potencialidades, que podem ou não desenvolver. Assim, há quem venha a revelar-se mais ou menos simpático, mais ou menos divertido. Os pais são as raízes que constituem os primeiros alicerces, influenciando ou modificando o carácter de cada um. Todos nós já tivemos aqueles momentos em que, quando enfrentamos uma situação mais complicada, pensamos: O que é que a minha mãe faria? Até mesmo os nossos amigos também nos influenciam no dia-a-dia e nós pensamos: O que é que a Sónia faria?
 Tudo o que fazemos está inscrito na nossa pessoa, mas existe, para além disso tudo, um fator que, no meu ponto de vista, também nos influencia: a sorte. A sorte é uma varável na nossa vida. Muitas pessoas fazem da vida, como diríamos em matemática, a variável Y, que é a que depende da variável X, neste caso a sorte. Por outro lado não se pode colocar toda a ênfase no fator sorte, pois há pessoas que apostam nela para fazerem as coisas e muitas da vezes têm azar. Exemplificando, há alunos que vão para os testes sem estudarem e pensam que vão ter sorte quando lá chegarem. Ora, se é certo que a sorte ajuda, o trabalho é a base do êxito. Sem trabalho e esforço, não há bons resultados. Estar dependente da sorte é a mesma coisa que estar à espera que chova no verão, pois pode ou não acontecer, se bem que, por vezes, acredito na sorte. Por exemplo, no euro milhões, não se trata ou não estudar, são meras probabilidades.
 A propósito disso, esta semana vou jogar no euro milhões, será que vou ganhar? Não sei. É uma questão de sorte.

Autora: Flávia Dias, nº 11, 11º L3

Êxito pessoal


Os fatores que influenciam o êxito pessoal são variados, nomeadamente a educação, o clima familiar, o trabalho, o talento e a sorte.
O primeiro fator que vai determinar quem nós somos e como encaramos a vida é, sem dúvida, a educação e o clima familiar, porque, para que uma pessoa seja estável e tenha uma vida feliz, precisa de ter umas bases bem estruturadas e isso vem desde a infância, desde a mãe dizer que não quando a criança faz birra por um gelado até ao ambiente em casa, como por exemplo ter um sítio para estudar ou ser alvo do interesse dos pais pela sua vida escolar. Todos estes fatores contribuem para a formação do caráter individual, mas isso é apenas o início.
Entretanto, com o passar dos anos, outros são os fatores que condicionam a maneira de estar no mundo, como por exemplo o trabalho e o talento. Assim, se desde pequenos estamos habituados a trabalhar e a lutar por aquilo que queremos, na nossa vida futura não desistiremos tão facilmente de lutar pela realização dos nossos objetivos, e daremos o devido valor às nossas conquistas, porque foram alcançadas com muito esforço e trabalho e, se houver trabalho, o nosso esforço, de uma maneira ou de outra, vai sempre ser recompensado.  
Em relação ao talento, todos nós nascemos com características “ inatas “, que nos foram transmitidas inexplicavelmente e que ao longo da nossa vida vamos explorando e desenvolvendo.
Como é óbvio, cada pessoa é diferente. Assim, há uns que cantam melhor, outros que escrevem melhor e por aí adiante. Contudo o talento por si só não chega, sendo necessário trabalho e investimento que o completem. Constituem exemplo grandes génios como Mozart, Luís de Camões e Freddie Mercury, que não teriam chegado onde chegaram, se não se tivessem esforçado e investido na sua arte. Mozart não teria composto uma única sinfonia, Luís de Camões não teria composto Os Lusíadas e Freddie Mercury não teria feito parte dos Queen, uma das maiores bandas do século XX.
 A sorte pode ser também um fator importante, mas não se pode ficar calmamente à espera que ela nos favoreça, porque o verdadeiro impulsionador é a força de vontade.
                Em resumo, se não formos fracos de espírito e formos lutadores, existe a garantia de que, se não conseguirmos conquistar tudo o que queremos, no mínimo poderemos chegar longe. Deste modo, dizermos que o universo está contra nós ou que o nosso sangue tem genes de fracassado, pode, efetivamente, não passar uma desculpa para o nosso próprio falhanço.

Autora: Mª Inês Nunes, nº 17, 11º L3

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Resumo do capítulo XVIII d'Os Maias

Chegamos enfim ao capítulo final e ao desfecho do romance, onde tudo se resolve, dando-se uma solução à intriga e um destino às personagens.

Passaram-se semanas após a partida de Mª Eduarda para França. Entretanto saiu na “ Gazeta Ilustrada “ a notícia acerca da partida de Carlos e Ega numa longa viagem pelo mundo: Londres, Nova York, China, Japão. Ega regressou um ano e meio depois desta viagem, informando que Carlos tinha ficado em Paris, onde alugara um apartamento e de onde não desejava regressar, tendo perdido o interesse por Portugal. Entretanto Ega revelou o seu propósito de escrever um livro com o título “ Jornadas de Ásia “.
Dez anos depois Carlos visita Lisboa, regressando da sua longa viagem. Carlos não tem intenções de se demorar muito tempo, querendo apenas tratar de alguns assuntos e matar saudades dos amigos.
Carlos almoça com Ega no hotel Bragança. Ega conta, então, as últimas novidades: a sua mãe morrera, tendo-lhe deixado uma boa herança; madame Gouvarinho tinha herdado uma fortuna de uma tia e tinha então melhores carruagens, continuando a receber às terças-feiras. Apareceram então o poeta Alencar e o maestro Cruges. Alencar tinha ao seu cuidado uma sobrinha que tinha ficado sem mãe e Cruges escrevera uma ópera cómica, a “ Flor de Granada “, que lhe valera o merecido reconhecimento.  
Por fim separaram-se, após Carlos os ter convidado para jantar, combinando um encontro às seis horas.
Entretanto Carlos e Ega iam visitar o Ramalhete. Passaram pelo Largo do Loreto e Carlos espantava-se com o facto de nada ter mudado. Ao descerem o Chiado, Carlos teve também a mesma impressão, encontrado às portas dos cafés as mesmas pessoas que por lá se detinham dez anos atrás, com o seu ar triste e apagado.
Pelo caminho cruzaram-se com o Dâmaso, que casara com a filha dos condes de Águeda, uma gente arruinada. Dâmaso sustentava a família e além disso a mulher traía-o, mas ele até parecia dar-se bem com isso, uma vez que até tinha engordado. Passaram em frente do consultório de Carlos e reviveram momentos do passado, quando se instalaram em Lisboa, cheios de projetos. Recordaram também alguns amigos, como o Sequeira, o marquês de Sousela e a D. Maria da Cunha, que já tinham morrido, D. Diogo, que tinha casado com a cozinheira, Craft, que se tinha mudado para Londres, Steinbroken, que era ministro em Atenas, Taveira, que continuava igual.
Chegaram depois à avenida, que tinha sido renovada, mas Carlos espantava-se com o aspeto molengão dos rapazes que por ali passeavam, vestindo segundo os figurinos franceses, mas de um modo servil, exagerado e ridículo, sem nenhuma originalidade.
Os dois amigos concluíram então que o que se mantinha genuíno em Lisboa era o alto da cidade, com o seu castelo, o casario, os palacetes, os conventos e as igrejas.   
A certa altura viram passar uma vitória com duas éguas inglesas, que trazia uma rapaz loiro, com um aspeto delicado. Carlos não o reconheceu e Ega lembrou-lhe que era Charlie, o filho de madame Gouvarinho, seu antigo doente. Ele estava já um homem, mas mantinha uma amizade com um velho, revelando tendências homossexuais.
 Depararam ainda com Eusebiozinho, que subia a avenida, de braço dado com uma mulher muito forte. Ele tinha sido obrigado a casar com essa mulher, porque o pai dela, dono de um prego, os tinha apanhado num encontro. Eusebiozinho tinha um aspeto ainda mais triste e molengão e dizia-se que a mulher lhe batia.
Carlos, recordando o artigo publicado no jornal “ A Corneta do Diabo “, a mando de Dâmaso e de Eusebiozinho, perguntou então por Palma Cavalão e Ega esclareceu que ele tinha deixado a literatura e se dedicava à política.
Apanharam depois uma tipóia para o Ramalhete. Viram Alencar ao longe e Ega explicou a Carlos a sua amizade por ele, por ser um dos poucos homens que se mantinha genuíno e com um sentido de honestidade, lealdade e generosidade.
O procurador Vilaça já os esperava à porta do Ramalhete e apresentou-lhes o jardineiro que ali vivia com a mulher e o filho, guardando o casarão.
Os dois amigos percorreram então a casa, passando pelas diversas salas, onde se guardavam os móveis e outros objetos trazidos da Toca. Entraram emocionados no escritório de Afonso, onde romperam em espirros, devido a um pó que Vilaça colocara sobre os móveis e os lençóis que os tapavam. Alguns móveis já estavam preparados para serem levados para Paris, onde Carlos fixara a sua morada. Relembrando o reverendo Bonifácio, o gato de estimação de Afonso, Carlos falou sobre a sua morte em Santa Olávia e sobre o mausoléu que Vilaça lhe mandara fazer.
Sentaram-se no terraço e observaram o jardim, que tinha um aspeto melancólico, simbolizando a decadência da família, com a estátua de Vénus coberta de alguma ferrugem, o pranto da cascata e o cipreste e o cedro envelhecendo juntos, “ como dois amigos num ermo “.
A propósito de Maria Eduarda, Carlos comunicou então ao amigo a notícia de que ela ia casar, numa resolução de encarar a velhice com o apoio de um homem de bem e que tinha afinidades com ela.
Já no quarto de Carlos, revendo a sua mocidade, os dois concluíram que ambos tinham falhado na vida, não tendo levado por diante os seus projetos. Carlos refletiu que só tinha vivido dois anos naquela casa, mas que era ali que estava toda a sua vida. Ega não se admirou, porque fora nesses dois anos que Carlos viveu uma paixão. Esta era uma ideia de românticos, mas Ega reconheceu que afinal todas as criaturas são românticas, governando-se pelo sentimento mais do que pela razão.
Por fim decidiram fixar a sua teoria sobre a vida, o “ fatalismo muçulmano “, que consistia em não ter ambições nem esperanças e tudo aceitar com resignação e com a consciência acerca da impossibilidade de se ter qualquer controlo sobre a vida.    
Em suma, qualquer esforço se tornava inútil e não valia a pena correr para nada, “ nem para o amor nem para a glória nem para o dinheiro nem para o poder “. Por fim, já na rua, aperceberam-se do adiantado da hora (6.15h) e correram desesperadamente para apanhar um americano. Afinal, tendo eles decidido que não valia a pena correr fosse para o que fosse, apenas apressavam o passo para satisfazerem os apetites do estômago, pois estavam atrasados para o jantar que Carlos tinha marcado no hotel Bragança e Carlos tinha vontade de ainda mandar preparar um prato de paio com ervilhas.


A intriga principal terminou com a descoberta dos laços de parentesco existentes entre Carlos e Mª Eduarda, o que levou à morte de Afonso, à partida de Mª Eduarda para França e à decisão de Carlos de viver no estrangeiro, mas podemos considerar que a ação continua em aberto, surgindo as seguintes perguntas: Será que Carlos vai continuar a levar uma vida fútil de homem rico, passeando por Paris, ou, quem sabe, poderá até voltar a apaixonar-se, abandonando a ociosidade e entregando-se finalmente aos seus projetos da mocidade? E Ega, virá enfim a escrever os sus livros? Considerando o decadentismo da geração de 70, da qual fazia parte Eça de Queirós, o leitor fica certamente desencantado com este desfecho que nos aponta para uma situação de desistência nas personagens e de crise e estagnação no país, já tão familiar aos portugueses. Os episódios da vida social não se esgotam no final desta trama realista, sendo sempre fácil imaginar outros que poderiam dar sequência a este romance. Quem sabe talvez até pudéssemos imaginar outros enredos nos quais nos surgissem portugueses empenhados em “ arregaçar as mangas “, teimando em vencer a decadência para onde de vez em quando nos conduzem as forças da inércia?
Neste capítulo final, percebemos como esta obra mantém ainda a sua atualidade, justificando-se a sua leitura, pelas linhas de reflexão que nos propõe.

Autor: Pedro Antunes, nº 20, 11º L3

Resumo do capítulo XVII d'Os Maias

Ega tem em mãos a tarefa difícil de fazer chegar a Carlos a revelação de que ele é irmão de Maria Eduarda. Faltando-lhe a coragem, incumbe o procurador Vilaça de entregar ao amigo o cofre deixado por Maria Monforte. Vive-se um momento dramático, tendo em conta a mudança de rumo que seguem os amores das duas personagens principais do romance. A ação avança precipitadamente em direção a um desfecho trágico.

No Ramalhete, Ega foi acordado por Baptista às sete horas da manhã. Não tendo coragem para revelar a verdade a Carlos acerca do seu parentesco com Maria Eduarda, Ega inventou uma ida a Sintra como desculpa para não passar a tarde com o amigo. Para resolver o problema da entrega a Carlos dos papéis que o senhor Guimarães lhe confiara, Ega tinha marcado um encontro com o procurador Vilaça.
Quando Ega finalmente se encontrou com o procurador, contou-lhe toda a história, incumbindo-o de revelar a verdade a Carlos.
Vilaça apareceu então no Ramalhete e expôs a situação a Carlos. Sentindo-se desesperado, Carlos convocou a presença do avô, na esperança de que houvesse um desmentido, mas o avô não tinha respostas para lhe dar.
Afonso revelou a Ega que conhecia a relação que unia Carlos a Mª Eduarda e que naquele momento se tornava incestuosa.
Entretanto Carlos planeou uma mentira para ganhar tempo, enquanto não contava a Mª Eduarda a verdade sobre eles. Acontece, no entanto, que Carlos, na presença de Mª Eduarda, não soube resistir-lhe e cometeu incesto conscientemente, por vontade própria.
Apesar da grande paixão que existia entre ambos, Carlos começou então a sentir repugnância física por Maria Eduarda, devido à consciência de que ela era sua irmã. Carlos começava também a ter consciência do sofrimento que causava a seu avô, ao seu amigo Ega e mesmo a si próprio.
Uma noite, quando regressava de um encontro com Maria Eduarda, procurando entrar sub-repticiamente em casa, sem ninguém dar conta, cruzou-se com o avô, que o esperava, para o acusar com o seu olhar reprovador, sem lhe dizer uma palavra.
Na manhã seguinte Carlos foi chamado ao jardim, onde os criados tinham encontrado o seu avô morto, caído sobre a mesa.
Carlos sentiu-se culpado e atormentado pelo remorso, pois sabia que o seu avô tinha morrido de desgosto. Afonso da Maia, depois de ter enfrentado todos os desaires da sua vida, não conseguiria sobreviver à dura prova de ver o seu neto a cometer incesto voluntariamente.
Após o funeral do avô, Carlos viajou para a quinta de Santa Olávia, deixando dinheiro a Ega para que o entregasse a Mª Eduarda, juntamente com o conteúdo da carta de Mª Monforte.
Maria partiu então no comboio que a levaria a França. Ega acompanhou-a até ao Entroncamento, onde saiu, para depois ir ao encontro de Carlos à quinta de Santa Olávia.


A leitura deste capítulo permite-nos reconhecer uma característica do caráter de Carlos, que é hereditária. Assim, apesar da educação à inglesa a que fora sujeito, com o propósito de se fazer um homem de caráter forte, ele acaba por se revelar um ser frágil, num momento em que precisa de pôr determinadamente um termo à sua relação incestuosa. Neste momento da ação Carlos assemelha-se ao pai, mostrando-se incapaz de tomar uma decisão e adiando sempre para mais tarde a tarefa de revelar a verdade a Maria Eduarda.
O romance poderia certamente terminar neste momento da ação, mas o certo é que a vida de Carlos continua, assim como a do amigo Ega, de Mª Eduarda e da filha…
Como se irá desenrolar a vida destas personagens. E como irá evoluir o ambiente socio-político-cultural em Portugal???


Autores: Rafael Fernandes, nº 21, e, Tiago Pais, nº 27.

Resumo do capíto XVI d'Os Maias

Neste capítulo dá-se o importante episódio do “ Sarau no Teatro da Trindade “. Aqui o enredo atinge um ponto culminante, quando surge, à maneira da tragédia clássica, uma situação que contribui para a mudança súbita dos acontecimentos. O senhor Guimarães, tio de Dâmaso que vive em Paris, torna-se o instrumento da fatalidade que se abate sobre Carlos e Mª Eduarda, quando entrega a Ega o cofre que Mª Monforte lhe confiara em Paris, onde se encontram documentos com a revelação de que Carlos e Eduarda são irmãos.

Com Maria já instalada na Rua de S. Francisco, terminara aí o jantar, e Ega insistia com Carlos para irem ao sarau de beneficência que se realizava no Teatro da Trindade, a favor das vítimas das cheias.
Carlos, relutantemente a principio, rendeu-se à ideia de ir, já que o Cruges era um dos atuantes. Juntamente com Ega, suportou estoicamente o discurso de um parlamentar arrebatado, ouviu a atuação do Cruges, tocando ao piano a Sonata Patética de Bethoven, e assistiu ao triunfo do Alencar, que recitou um poema da sua autoria, dedicado à Democracia, tudo intercalado com idas ao botequim e conversas de corredor com os conhecidos.
No botequim, por intermédio de Alencar, Ega travou conhecimento com o Sr. Guimarães, o tio de Dâmaso, que vivia em Paris. O senhor Guimarães tinha mostrado vontade de falar com Ega, porque se sentia atingido pelas declarações do sobrinho, na carta que o Ega redigira e o fizera assinar, fazendo-o confessar que tinha uma tendência hereditária para se entregar à bebida.
Dâmaso alegara que assinara a carta sob coação. Mas, sabendo-o mentiroso, o Sr. Guimarães (em Paris no Rappel onde trabalhava, era conhecido por monsieur Guimaran) apenas desejava que o Sr. Ega declarasse que não o considerava um bêbedo – coisa que Ega fez sem dificuldades, pois, além do mais, simpatizara com aquele patriarca anarquista e republicano.
Carlos, tendo visto Eusebiozinho a sair do sarau, foi atrás dele e cobrou-lhe com uma tareia a intervenção que tivera no caso do Jornal da Corneta. Mas, quando se tratou de regressarem a casa, os dois amigos, Carlos e Ega, desencontraram-se, e Ega caminhava com o Cruges pela Rua Nova da Trindade, quando ouviu o Sr. Guimarães a chamá-lo.
O caso é que o Sr. Guimarães sabia que o Sr. Ega era íntimo do Sr. Carlos da Maia. E ele, Sr. Guimarães, fora muito amigo, em Paris, da mãe de Carlos, que lhe confiara, antes de morrer, um cofre onde estariam, segundo ele, papéis importantes. Como estava de partida, pedia ao Sr. Ega que entregasse o cofre ou ao Sr. Carlos ou à irmã. E, perante a estupefação do Ega, o Sr. Guimarães revela candidamente ao Ega que Maria Eduarda era irmã de Carlos – aliás, o Sr. Ega devia estar ao corrente…Ega não estava ao corrente, mas, sem se dar por achado, arranca do Sr. Guimarães a história que, em tudo e por tudo, condiz com a que Maria Eduarda contara a Carlos. E, de posse do cofre, correndo para o Ramalhete, Ega realiza, atordoado, a enormidade da situação: Carlos era amante da sua própria irmã. Indeciso, primeiro, toma depois a resolução de não pactuar com essa situação hedionda e de contar tudo ao Vilaça, o procurador dos Maias, para que seja este a dar a notícia a Carlos.

Com a revelação de que Carlos e Mª Eduarda são irmãos, percebe-se que a ação se aproxima do desenlace trágico. Alguns leitores ficarão talvez dececionados com o desfecho inesperado desta história de amores sublimes entre duas criaturas dotadas de grandeza, mas, de acordo com as regras de tragédia, os finais funestos dão-se, precisamente, com personagens de caráter e de condição nobre.


Autoras: Inês Lino, nº 12, e Rita Costa, nº 22, 11º L3

Resumo do capítulo XV d'Os Maias

Este capítulo é marcado pela subjetividade, pois a Mª Eduarda conta a Carlos a sua história, sendo usado o discurso de primeira pessoa.
É inevitável que o leitor se deixe conduzir pelas palavras de Mª Eduarda, comovendo-se com os desaires da sua vida, resultantes do gosto de sua mãe por uma vida de aventuras atribuladas.
Destacam-se ainda as seguintes peripécias:
 Ega e Cruges jantam na “ Toca “, encantando-se com as maneiras de Mª Eduarda;
Dâmaso continua a pôr em prática as suas artimanhas para dificultar o romance de Carlos e Mº Eduarda.

Maria Eduarda conta a Carlos todo o seu passado (em analepse): nascera em Viena; não sabia nada do pai, apenas que era nobre e belo; tinha uma irmã que morrera; lembrava-se do avô materno, que lhe contava histórias de navios; fora educada num colégio de freiras. Maria Eduarda recorda a vida da mãe, que foi sempre decaindo, terminando em pobreza e miséria, devido ao seu gosto exacerbado pela boémia e pelo luxo. Querendo escapar à vida difícil que levava, juntou-se com Mac Gren, um irlandês que depois morreu na guerra, e de quem teve uma filha chamada Rose. Após a morte do companheiro, Maria Eduarda suportou muitas provações, juntamente com a mãe e a filha. Mais tarde regressou a Paris onde, sem amor, se juntou a Castro Gomes.
Carlos conta a Ega a história de Maria Eduarda e sente-se apreensivo por saber que o avô nunca irá compreender o passado da sua amada. Então Ega sugere que Carlos case apenas com Maria Eduarda após a morte do avô.
Carlos convida Ega para um jantar na "Toca". Mais tarde começa a convidar outros amigos que, aos poucos, frequentam a casa dos Olivais, nomeadamente Craft e o marquês de Sousela.
A pedido de Maria, Carlos recomeça a sua actividade literária, compondo artigos de medicina para a Gazeta Médica e rascunhos para o seu livro Medicina Antiga e Moderna. 
Uma manhã em que Carlos vai ver o correio, nos Olivais, depara com uma carta de Ega, acompanhada de um artigo de jornal, no “ Corneta do Diabo “, que Ega lhe pede para ler. Esse artigo, de teor difamatório, aludia, num tom infame e em calão, aos  amores de Carlos com Maria Eduarda. A troco de dinheiro, Ega conseguira suspender a tiragem, com exceção de dois números, um para a Toca e outro para o Paço, que em todo o caso não chegaria ao seu destino. Carlos percebeu que a publicação do artigo só poderia ter sido encomendada por Dâmaso.
Carlos vai a Lisboa com Mª Eduarda e Ega, que entretanto se veio encontrar com ele nos Olivais. No largo do Pelourinho, cruzam-se com o senhor Guimarães, o tio de Dâmaso, um anarquista que morava em Paris e que estava de passagem por Lisboa. O senhor Guimarães faz um aceno a Mª Eduarda, pois conhecia-a de Paris, e Mª Eduarda revela a sua identidade a Carlos e a Ega. 
Acompanhado de Carlos, Ega vai falar com Palma Cavalão, diretor do jornal, e propõe-lhe que, também a troco de dinheiro, identifique a pessoa que lhe encomendou o artigo difamatório contra Carlos e lhe forneça as respetivas provas, confirmando-se, então, que tinha sido o Dâmaso, com a cumplicidade de Eusebiozinho.
Carlos envia Ega e Cruges a casa do Dâmaso, a desafiá-lo ou para um duelo ou a retratar-se. 
Ega vai a casa de Dâmaso (casa que tem uma decoração espampanante, contrastante com a baixeza moral do seu proprietário). Sentindo-se “encurralado” por Ega e por Cruges, Dâmaso opta cobardemente, por assinar uma carta, redigida pelo próprio Ega, afirmando que tudo o que fizera publicar na "Corneta" sobre Carlos e Maria Eduarda fora invenção falsa e gratuita e se devia a um estado de embriaguez. Para se salvaguardar relativamente à responsabilização por futuras maledicências que pudesse proferir contra Carlos, Ega entendeu ainda fazer declarar a Dâmaso que não o deviam levar a sério, devido à sua tendência para abusar na bebida, que aliás era hereditária.   
Afonso da Maia regressa de Santa Olávia e Carlos e Ega contam-lhe o episódio comprometedor de Dâmaso, omitindo-lhe os amores de Carlos. Os dois amigos comunicam também a Afonso os seus projetos de criação de uma revista.
Mais tarde, no teatro, Ega descobre Raquel Cohen, acompanhada do marido e de Dâmaso, num camarote. Dâmaso acena a Ega com um ar de vaidade e é esse gesto que o leva a dirigir-se à redação do jornal “ A Tarde “, com o objetivo de pedir que publiquem a carta do Dâmaso. Ega demora-se ainda algum tempo na redação, acompanhando as conversas sobre política. O assunto da carta é depressa esquecido em Lisboa, porque surgem outros temas de interesse, como o da formação do Ministério.
Mais tarde vem publicada, também no jornal “ A Tarde “, a notícia de que Dâmaso vai fazer uma viagem de recreio por Itália.
 

Conclusões retiradas a partir da leitura do capítulo:
A ligação de Carlos e de Maria Eduarda fortalece-se ainda mais;
 Dâmaso deixa de ser uma “ pedra no sapato “ dos dois apaixonados, acabando definitivamente por afogar o seu despeito e desistindo de mover intrigas contra eles.

Autoras: Ana Nascimento, nº 1, e, Sara Almeida, nº 25, 11º L3