segunda-feira, 30 de abril de 2012

Resumo do capítulo XVIII d'Os Maias

Chegamos enfim ao capítulo final e ao desfecho do romance, onde tudo se resolve, dando-se uma solução à intriga e um destino às personagens.

Passaram-se semanas após a partida de Mª Eduarda para França. Entretanto saiu na “ Gazeta Ilustrada “ a notícia acerca da partida de Carlos e Ega numa longa viagem pelo mundo: Londres, Nova York, China, Japão. Ega regressou um ano e meio depois desta viagem, informando que Carlos tinha ficado em Paris, onde alugara um apartamento e de onde não desejava regressar, tendo perdido o interesse por Portugal. Entretanto Ega revelou o seu propósito de escrever um livro com o título “ Jornadas de Ásia “.
Dez anos depois Carlos visita Lisboa, regressando da sua longa viagem. Carlos não tem intenções de se demorar muito tempo, querendo apenas tratar de alguns assuntos e matar saudades dos amigos.
Carlos almoça com Ega no hotel Bragança. Ega conta, então, as últimas novidades: a sua mãe morrera, tendo-lhe deixado uma boa herança; madame Gouvarinho tinha herdado uma fortuna de uma tia e tinha então melhores carruagens, continuando a receber às terças-feiras. Apareceram então o poeta Alencar e o maestro Cruges. Alencar tinha ao seu cuidado uma sobrinha que tinha ficado sem mãe e Cruges escrevera uma ópera cómica, a “ Flor de Granada “, que lhe valera o merecido reconhecimento.  
Por fim separaram-se, após Carlos os ter convidado para jantar, combinando um encontro às seis horas.
Entretanto Carlos e Ega iam visitar o Ramalhete. Passaram pelo Largo do Loreto e Carlos espantava-se com o facto de nada ter mudado. Ao descerem o Chiado, Carlos teve também a mesma impressão, encontrado às portas dos cafés as mesmas pessoas que por lá se detinham dez anos atrás, com o seu ar triste e apagado.
Pelo caminho cruzaram-se com o Dâmaso, que casara com a filha dos condes de Águeda, uma gente arruinada. Dâmaso sustentava a família e além disso a mulher traía-o, mas ele até parecia dar-se bem com isso, uma vez que até tinha engordado. Passaram em frente do consultório de Carlos e reviveram momentos do passado, quando se instalaram em Lisboa, cheios de projetos. Recordaram também alguns amigos, como o Sequeira, o marquês de Sousela e a D. Maria da Cunha, que já tinham morrido, D. Diogo, que tinha casado com a cozinheira, Craft, que se tinha mudado para Londres, Steinbroken, que era ministro em Atenas, Taveira, que continuava igual.
Chegaram depois à avenida, que tinha sido renovada, mas Carlos espantava-se com o aspeto molengão dos rapazes que por ali passeavam, vestindo segundo os figurinos franceses, mas de um modo servil, exagerado e ridículo, sem nenhuma originalidade.
Os dois amigos concluíram então que o que se mantinha genuíno em Lisboa era o alto da cidade, com o seu castelo, o casario, os palacetes, os conventos e as igrejas.   
A certa altura viram passar uma vitória com duas éguas inglesas, que trazia uma rapaz loiro, com um aspeto delicado. Carlos não o reconheceu e Ega lembrou-lhe que era Charlie, o filho de madame Gouvarinho, seu antigo doente. Ele estava já um homem, mas mantinha uma amizade com um velho, revelando tendências homossexuais.
 Depararam ainda com Eusebiozinho, que subia a avenida, de braço dado com uma mulher muito forte. Ele tinha sido obrigado a casar com essa mulher, porque o pai dela, dono de um prego, os tinha apanhado num encontro. Eusebiozinho tinha um aspeto ainda mais triste e molengão e dizia-se que a mulher lhe batia.
Carlos, recordando o artigo publicado no jornal “ A Corneta do Diabo “, a mando de Dâmaso e de Eusebiozinho, perguntou então por Palma Cavalão e Ega esclareceu que ele tinha deixado a literatura e se dedicava à política.
Apanharam depois uma tipóia para o Ramalhete. Viram Alencar ao longe e Ega explicou a Carlos a sua amizade por ele, por ser um dos poucos homens que se mantinha genuíno e com um sentido de honestidade, lealdade e generosidade.
O procurador Vilaça já os esperava à porta do Ramalhete e apresentou-lhes o jardineiro que ali vivia com a mulher e o filho, guardando o casarão.
Os dois amigos percorreram então a casa, passando pelas diversas salas, onde se guardavam os móveis e outros objetos trazidos da Toca. Entraram emocionados no escritório de Afonso, onde romperam em espirros, devido a um pó que Vilaça colocara sobre os móveis e os lençóis que os tapavam. Alguns móveis já estavam preparados para serem levados para Paris, onde Carlos fixara a sua morada. Relembrando o reverendo Bonifácio, o gato de estimação de Afonso, Carlos falou sobre a sua morte em Santa Olávia e sobre o mausoléu que Vilaça lhe mandara fazer.
Sentaram-se no terraço e observaram o jardim, que tinha um aspeto melancólico, simbolizando a decadência da família, com a estátua de Vénus coberta de alguma ferrugem, o pranto da cascata e o cipreste e o cedro envelhecendo juntos, “ como dois amigos num ermo “.
A propósito de Maria Eduarda, Carlos comunicou então ao amigo a notícia de que ela ia casar, numa resolução de encarar a velhice com o apoio de um homem de bem e que tinha afinidades com ela.
Já no quarto de Carlos, revendo a sua mocidade, os dois concluíram que ambos tinham falhado na vida, não tendo levado por diante os seus projetos. Carlos refletiu que só tinha vivido dois anos naquela casa, mas que era ali que estava toda a sua vida. Ega não se admirou, porque fora nesses dois anos que Carlos viveu uma paixão. Esta era uma ideia de românticos, mas Ega reconheceu que afinal todas as criaturas são românticas, governando-se pelo sentimento mais do que pela razão.
Por fim decidiram fixar a sua teoria sobre a vida, o “ fatalismo muçulmano “, que consistia em não ter ambições nem esperanças e tudo aceitar com resignação e com a consciência acerca da impossibilidade de se ter qualquer controlo sobre a vida.    
Em suma, qualquer esforço se tornava inútil e não valia a pena correr para nada, “ nem para o amor nem para a glória nem para o dinheiro nem para o poder “. Por fim, já na rua, aperceberam-se do adiantado da hora (6.15h) e correram desesperadamente para apanhar um americano. Afinal, tendo eles decidido que não valia a pena correr fosse para o que fosse, apenas apressavam o passo para satisfazerem os apetites do estômago, pois estavam atrasados para o jantar que Carlos tinha marcado no hotel Bragança e Carlos tinha vontade de ainda mandar preparar um prato de paio com ervilhas.


A intriga principal terminou com a descoberta dos laços de parentesco existentes entre Carlos e Mª Eduarda, o que levou à morte de Afonso, à partida de Mª Eduarda para França e à decisão de Carlos de viver no estrangeiro, mas podemos considerar que a ação continua em aberto, surgindo as seguintes perguntas: Será que Carlos vai continuar a levar uma vida fútil de homem rico, passeando por Paris, ou, quem sabe, poderá até voltar a apaixonar-se, abandonando a ociosidade e entregando-se finalmente aos seus projetos da mocidade? E Ega, virá enfim a escrever os sus livros? Considerando o decadentismo da geração de 70, da qual fazia parte Eça de Queirós, o leitor fica certamente desencantado com este desfecho que nos aponta para uma situação de desistência nas personagens e de crise e estagnação no país, já tão familiar aos portugueses. Os episódios da vida social não se esgotam no final desta trama realista, sendo sempre fácil imaginar outros que poderiam dar sequência a este romance. Quem sabe talvez até pudéssemos imaginar outros enredos nos quais nos surgissem portugueses empenhados em “ arregaçar as mangas “, teimando em vencer a decadência para onde de vez em quando nos conduzem as forças da inércia?
Neste capítulo final, percebemos como esta obra mantém ainda a sua atualidade, justificando-se a sua leitura, pelas linhas de reflexão que nos propõe.

Autor: Pedro Antunes, nº 20, 11º L3

Resumo do capítulo XVII d'Os Maias

Ega tem em mãos a tarefa difícil de fazer chegar a Carlos a revelação de que ele é irmão de Maria Eduarda. Faltando-lhe a coragem, incumbe o procurador Vilaça de entregar ao amigo o cofre deixado por Maria Monforte. Vive-se um momento dramático, tendo em conta a mudança de rumo que seguem os amores das duas personagens principais do romance. A ação avança precipitadamente em direção a um desfecho trágico.

No Ramalhete, Ega foi acordado por Baptista às sete horas da manhã. Não tendo coragem para revelar a verdade a Carlos acerca do seu parentesco com Maria Eduarda, Ega inventou uma ida a Sintra como desculpa para não passar a tarde com o amigo. Para resolver o problema da entrega a Carlos dos papéis que o senhor Guimarães lhe confiara, Ega tinha marcado um encontro com o procurador Vilaça.
Quando Ega finalmente se encontrou com o procurador, contou-lhe toda a história, incumbindo-o de revelar a verdade a Carlos.
Vilaça apareceu então no Ramalhete e expôs a situação a Carlos. Sentindo-se desesperado, Carlos convocou a presença do avô, na esperança de que houvesse um desmentido, mas o avô não tinha respostas para lhe dar.
Afonso revelou a Ega que conhecia a relação que unia Carlos a Mª Eduarda e que naquele momento se tornava incestuosa.
Entretanto Carlos planeou uma mentira para ganhar tempo, enquanto não contava a Mª Eduarda a verdade sobre eles. Acontece, no entanto, que Carlos, na presença de Mª Eduarda, não soube resistir-lhe e cometeu incesto conscientemente, por vontade própria.
Apesar da grande paixão que existia entre ambos, Carlos começou então a sentir repugnância física por Maria Eduarda, devido à consciência de que ela era sua irmã. Carlos começava também a ter consciência do sofrimento que causava a seu avô, ao seu amigo Ega e mesmo a si próprio.
Uma noite, quando regressava de um encontro com Maria Eduarda, procurando entrar sub-repticiamente em casa, sem ninguém dar conta, cruzou-se com o avô, que o esperava, para o acusar com o seu olhar reprovador, sem lhe dizer uma palavra.
Na manhã seguinte Carlos foi chamado ao jardim, onde os criados tinham encontrado o seu avô morto, caído sobre a mesa.
Carlos sentiu-se culpado e atormentado pelo remorso, pois sabia que o seu avô tinha morrido de desgosto. Afonso da Maia, depois de ter enfrentado todos os desaires da sua vida, não conseguiria sobreviver à dura prova de ver o seu neto a cometer incesto voluntariamente.
Após o funeral do avô, Carlos viajou para a quinta de Santa Olávia, deixando dinheiro a Ega para que o entregasse a Mª Eduarda, juntamente com o conteúdo da carta de Mª Monforte.
Maria partiu então no comboio que a levaria a França. Ega acompanhou-a até ao Entroncamento, onde saiu, para depois ir ao encontro de Carlos à quinta de Santa Olávia.


A leitura deste capítulo permite-nos reconhecer uma característica do caráter de Carlos, que é hereditária. Assim, apesar da educação à inglesa a que fora sujeito, com o propósito de se fazer um homem de caráter forte, ele acaba por se revelar um ser frágil, num momento em que precisa de pôr determinadamente um termo à sua relação incestuosa. Neste momento da ação Carlos assemelha-se ao pai, mostrando-se incapaz de tomar uma decisão e adiando sempre para mais tarde a tarefa de revelar a verdade a Maria Eduarda.
O romance poderia certamente terminar neste momento da ação, mas o certo é que a vida de Carlos continua, assim como a do amigo Ega, de Mª Eduarda e da filha…
Como se irá desenrolar a vida destas personagens. E como irá evoluir o ambiente socio-político-cultural em Portugal???


Autores: Rafael Fernandes, nº 21, e, Tiago Pais, nº 27.

Resumo do capíto XVI d'Os Maias

Neste capítulo dá-se o importante episódio do “ Sarau no Teatro da Trindade “. Aqui o enredo atinge um ponto culminante, quando surge, à maneira da tragédia clássica, uma situação que contribui para a mudança súbita dos acontecimentos. O senhor Guimarães, tio de Dâmaso que vive em Paris, torna-se o instrumento da fatalidade que se abate sobre Carlos e Mª Eduarda, quando entrega a Ega o cofre que Mª Monforte lhe confiara em Paris, onde se encontram documentos com a revelação de que Carlos e Eduarda são irmãos.

Com Maria já instalada na Rua de S. Francisco, terminara aí o jantar, e Ega insistia com Carlos para irem ao sarau de beneficência que se realizava no Teatro da Trindade, a favor das vítimas das cheias.
Carlos, relutantemente a principio, rendeu-se à ideia de ir, já que o Cruges era um dos atuantes. Juntamente com Ega, suportou estoicamente o discurso de um parlamentar arrebatado, ouviu a atuação do Cruges, tocando ao piano a Sonata Patética de Bethoven, e assistiu ao triunfo do Alencar, que recitou um poema da sua autoria, dedicado à Democracia, tudo intercalado com idas ao botequim e conversas de corredor com os conhecidos.
No botequim, por intermédio de Alencar, Ega travou conhecimento com o Sr. Guimarães, o tio de Dâmaso, que vivia em Paris. O senhor Guimarães tinha mostrado vontade de falar com Ega, porque se sentia atingido pelas declarações do sobrinho, na carta que o Ega redigira e o fizera assinar, fazendo-o confessar que tinha uma tendência hereditária para se entregar à bebida.
Dâmaso alegara que assinara a carta sob coação. Mas, sabendo-o mentiroso, o Sr. Guimarães (em Paris no Rappel onde trabalhava, era conhecido por monsieur Guimaran) apenas desejava que o Sr. Ega declarasse que não o considerava um bêbedo – coisa que Ega fez sem dificuldades, pois, além do mais, simpatizara com aquele patriarca anarquista e republicano.
Carlos, tendo visto Eusebiozinho a sair do sarau, foi atrás dele e cobrou-lhe com uma tareia a intervenção que tivera no caso do Jornal da Corneta. Mas, quando se tratou de regressarem a casa, os dois amigos, Carlos e Ega, desencontraram-se, e Ega caminhava com o Cruges pela Rua Nova da Trindade, quando ouviu o Sr. Guimarães a chamá-lo.
O caso é que o Sr. Guimarães sabia que o Sr. Ega era íntimo do Sr. Carlos da Maia. E ele, Sr. Guimarães, fora muito amigo, em Paris, da mãe de Carlos, que lhe confiara, antes de morrer, um cofre onde estariam, segundo ele, papéis importantes. Como estava de partida, pedia ao Sr. Ega que entregasse o cofre ou ao Sr. Carlos ou à irmã. E, perante a estupefação do Ega, o Sr. Guimarães revela candidamente ao Ega que Maria Eduarda era irmã de Carlos – aliás, o Sr. Ega devia estar ao corrente…Ega não estava ao corrente, mas, sem se dar por achado, arranca do Sr. Guimarães a história que, em tudo e por tudo, condiz com a que Maria Eduarda contara a Carlos. E, de posse do cofre, correndo para o Ramalhete, Ega realiza, atordoado, a enormidade da situação: Carlos era amante da sua própria irmã. Indeciso, primeiro, toma depois a resolução de não pactuar com essa situação hedionda e de contar tudo ao Vilaça, o procurador dos Maias, para que seja este a dar a notícia a Carlos.

Com a revelação de que Carlos e Mª Eduarda são irmãos, percebe-se que a ação se aproxima do desenlace trágico. Alguns leitores ficarão talvez dececionados com o desfecho inesperado desta história de amores sublimes entre duas criaturas dotadas de grandeza, mas, de acordo com as regras de tragédia, os finais funestos dão-se, precisamente, com personagens de caráter e de condição nobre.


Autoras: Inês Lino, nº 12, e Rita Costa, nº 22, 11º L3

Resumo do capítulo XV d'Os Maias

Este capítulo é marcado pela subjetividade, pois a Mª Eduarda conta a Carlos a sua história, sendo usado o discurso de primeira pessoa.
É inevitável que o leitor se deixe conduzir pelas palavras de Mª Eduarda, comovendo-se com os desaires da sua vida, resultantes do gosto de sua mãe por uma vida de aventuras atribuladas.
Destacam-se ainda as seguintes peripécias:
 Ega e Cruges jantam na “ Toca “, encantando-se com as maneiras de Mª Eduarda;
Dâmaso continua a pôr em prática as suas artimanhas para dificultar o romance de Carlos e Mº Eduarda.

Maria Eduarda conta a Carlos todo o seu passado (em analepse): nascera em Viena; não sabia nada do pai, apenas que era nobre e belo; tinha uma irmã que morrera; lembrava-se do avô materno, que lhe contava histórias de navios; fora educada num colégio de freiras. Maria Eduarda recorda a vida da mãe, que foi sempre decaindo, terminando em pobreza e miséria, devido ao seu gosto exacerbado pela boémia e pelo luxo. Querendo escapar à vida difícil que levava, juntou-se com Mac Gren, um irlandês que depois morreu na guerra, e de quem teve uma filha chamada Rose. Após a morte do companheiro, Maria Eduarda suportou muitas provações, juntamente com a mãe e a filha. Mais tarde regressou a Paris onde, sem amor, se juntou a Castro Gomes.
Carlos conta a Ega a história de Maria Eduarda e sente-se apreensivo por saber que o avô nunca irá compreender o passado da sua amada. Então Ega sugere que Carlos case apenas com Maria Eduarda após a morte do avô.
Carlos convida Ega para um jantar na "Toca". Mais tarde começa a convidar outros amigos que, aos poucos, frequentam a casa dos Olivais, nomeadamente Craft e o marquês de Sousela.
A pedido de Maria, Carlos recomeça a sua actividade literária, compondo artigos de medicina para a Gazeta Médica e rascunhos para o seu livro Medicina Antiga e Moderna. 
Uma manhã em que Carlos vai ver o correio, nos Olivais, depara com uma carta de Ega, acompanhada de um artigo de jornal, no “ Corneta do Diabo “, que Ega lhe pede para ler. Esse artigo, de teor difamatório, aludia, num tom infame e em calão, aos  amores de Carlos com Maria Eduarda. A troco de dinheiro, Ega conseguira suspender a tiragem, com exceção de dois números, um para a Toca e outro para o Paço, que em todo o caso não chegaria ao seu destino. Carlos percebeu que a publicação do artigo só poderia ter sido encomendada por Dâmaso.
Carlos vai a Lisboa com Mª Eduarda e Ega, que entretanto se veio encontrar com ele nos Olivais. No largo do Pelourinho, cruzam-se com o senhor Guimarães, o tio de Dâmaso, um anarquista que morava em Paris e que estava de passagem por Lisboa. O senhor Guimarães faz um aceno a Mª Eduarda, pois conhecia-a de Paris, e Mª Eduarda revela a sua identidade a Carlos e a Ega. 
Acompanhado de Carlos, Ega vai falar com Palma Cavalão, diretor do jornal, e propõe-lhe que, também a troco de dinheiro, identifique a pessoa que lhe encomendou o artigo difamatório contra Carlos e lhe forneça as respetivas provas, confirmando-se, então, que tinha sido o Dâmaso, com a cumplicidade de Eusebiozinho.
Carlos envia Ega e Cruges a casa do Dâmaso, a desafiá-lo ou para um duelo ou a retratar-se. 
Ega vai a casa de Dâmaso (casa que tem uma decoração espampanante, contrastante com a baixeza moral do seu proprietário). Sentindo-se “encurralado” por Ega e por Cruges, Dâmaso opta cobardemente, por assinar uma carta, redigida pelo próprio Ega, afirmando que tudo o que fizera publicar na "Corneta" sobre Carlos e Maria Eduarda fora invenção falsa e gratuita e se devia a um estado de embriaguez. Para se salvaguardar relativamente à responsabilização por futuras maledicências que pudesse proferir contra Carlos, Ega entendeu ainda fazer declarar a Dâmaso que não o deviam levar a sério, devido à sua tendência para abusar na bebida, que aliás era hereditária.   
Afonso da Maia regressa de Santa Olávia e Carlos e Ega contam-lhe o episódio comprometedor de Dâmaso, omitindo-lhe os amores de Carlos. Os dois amigos comunicam também a Afonso os seus projetos de criação de uma revista.
Mais tarde, no teatro, Ega descobre Raquel Cohen, acompanhada do marido e de Dâmaso, num camarote. Dâmaso acena a Ega com um ar de vaidade e é esse gesto que o leva a dirigir-se à redação do jornal “ A Tarde “, com o objetivo de pedir que publiquem a carta do Dâmaso. Ega demora-se ainda algum tempo na redação, acompanhando as conversas sobre política. O assunto da carta é depressa esquecido em Lisboa, porque surgem outros temas de interesse, como o da formação do Ministério.
Mais tarde vem publicada, também no jornal “ A Tarde “, a notícia de que Dâmaso vai fazer uma viagem de recreio por Itália.
 

Conclusões retiradas a partir da leitura do capítulo:
A ligação de Carlos e de Maria Eduarda fortalece-se ainda mais;
 Dâmaso deixa de ser uma “ pedra no sapato “ dos dois apaixonados, acabando definitivamente por afogar o seu despeito e desistindo de mover intrigas contra eles.

Autoras: Ana Nascimento, nº 1, e, Sara Almeida, nº 25, 11º L3

Resumo do capítulo XIV d'Os Maias

Neste capítulo, começa a levantar-se o véu sobre o passado de Mª Eduarda. Apesar de todas as hesitações de Carlos, o leitor tem oportunidade, mais uma vez, de conhecer o seu “ bom coração “ e é fácil perceber-se que nada fará abalar o seu amor por Mª Eduarda.

Afonso da Maia partiu para santa Olávia e Mª Eduarda instalou-se nos Olivais. Por sua vez Ega partiu para Sintra, por alguns dias. Carlos saiu depois do jantar e encontrou o amigo Taveira no Grémio, que o advertiu contra Dâmaso. Taveira ainda arrastou Carlos até ao Price, mas Carlos pouco se demorou. Ao sair, Carlos encontrou Alencar e o senhor Guimarães, tio de Dâmaso.
Carlos começava a alimentar mais fortemente o seu desejo de fugir com Mª Eduarda para Itália e pensava no desgosto que poderia dar ao avô, mas o seu desejo de felicidade vencia todos os seus receios. Carlos visitava todos os dias Mª Eduarda nos Olivais, sendo descritos os seus encontros no quiosque japonês.
Os encontros de dia tornaram-se insuficientes e ambos começaram a desejar estar juntos também à noite. Carlos combinou então um encontro para uma noite e depois disso descobriu uma casa perto dos Olivais, que ele alugou para esperar aí os encontros noturnos. Numa dessas noites Carlos descobriu miss Sara no jardim envolvida com um jornaleiro. Carlos ficou chocado com a hipocrisia de miss Sara e estava decidido a contar a Mª Eduarda, mas depois resolveu calar-se, depois de refletir que também os amores entre os dois, embora com uma aparência de mais nobres e divinos, tinham também o seu teor de clandestinos.
Chegou o mês de Setembro e Craft, que estivera com Afonso em santa Olávia, fez uma visita a Carlos para lhe dizer que o avô lhe parecera desgostoso pelo facto de Carlos não ter aparecido por lá. Então Carlos comunicou a Mª Eduarda a sua decisão de visitar o avô e ela pediu-lhe que a deixasse ir fazer antes uma visita ao Ramalhete. Esta visita ficou combinada para o dia em que Carlos partia para santa Olávia.
Depois de percorrerem a casa, Mª Eduarda mostrou-se angustiada, lamentando o facto de Carlos se dispor a deixar todos os seus confortos no Ramalhete, querendo partir com ela para longe.
                Ao jantar Mª Eduarda comentou que Carlos lhe fazia lembrar a sua mãe, em certos jeitos, nos seus modos e na maneira de sorrir (mais um indício de tragédia). Falando da mãe, Mª Eduarda contou que ela era natural da ilha da Madeira e que casara com um austríaco. Mª Eduarda tivera uma irmãzinha que morrera em pequena.
                Apareceu Ega, que regressava de Sintra, trazendo notícias acerca de quem por lá passeava (os Cohen acompanhados de Dâmaso e a madame Gouvarinho) e Carlos mandou-o subir, pedindo-lhe para se juntar a eles no jantar.
                Iam-se fazendo horas e Carlos teve que partir, instalando-se num coupé com destino a santa Apolónia, que depois levaria Mª Eduarda de volta à Toca.
                Carlos regressou então no sábado seguinte. Almoçando com Ega, confidenciou-lhe que ambicionava instalar Maria em Itália e visitar regularmente o país, revelando gradualmente ao avô o amor que o unia a Mª Eduarda. Discutindo com Carlos, Ega era de opinião que a melhor cidade para se viver um amor era Paris. Assim os dois amantes podiam embrenhar-se durante o dia no movimento das ruas, das compras, da entrada nos clubes e nos museus, etc, para à noite se dedicarem um ao outro, sem nunca se aborrecerem. Chegou depois o Baptista, que entregou a Carlos um bilhete de Castro Gomes, que o esperava na antecâmara. Carlos disse então a Baptista que o mandasse entrar para o salão grande.
                Castro Gomes mostrou a Carlos uma carta anónima que tinha recebido no Brasil, a denunciar a relação de Carlos com Mª Eduarda. Então Castro Gomes revelou a Carlos que Mª Eduarda não era sua mulher e que Rose também não era sua filha, portanto, para não passar pela fama de marido atraiçoado, se limitava a retirar-lhe o seu nome, deixando-a com o nome de madame Mac Green, que ela tinha anteriormente. Após a saída de Castro Gomes, Carlos contou tudo a Ega, que simplificou a situação aos olhos de Carlos, dizendo-lhe que o facto de Mª Eduarda não ser casada com Castro Gomes diminuía os problemas que Carlos teria de enfrentar para alimentar a sua paixão.
                Carlos pensou primeiro em escrever uma carta a Mª Eduarda a terminar a relação entre eles, enviando-lhe dinheiro. Por fim, após muito refletir, decidiu deslocar-se aos Olivais. Confidenciando com Carlos, Ega assegurou-lhe que teria sido o Dâmaso o autor da carta anónima dirigida a Castro Gomes e então Carlos lembrou-se da conversa de Taveira, em que ele lhe contava sobre insinuações de Dâmaso, a propósito de se preparar um grande escândalo em Lisboa, envolvendo tiros e um duelo.
                Baptista preparou então a tipóia e acompanhou Carlos aos Olivais. Quando estavam a chegar à quinta apareceu Melanie, que estava à procura de uma carruagem que levasse Mª Eduarda ao Ramalhete. Depois da visita de Castro Gomes, Mª Eduarda tinha ficado muito nervosa e chorosa, querendo morrer. Melanie foi confidenciando que Mª Eduarda já não levantava o dinheiro que Castro Gomes lhe enviava, por isso Carlos a tinha encontrado um dia à porta do Montepio, onde tinha ido empenhar uma pulseira da senhora.
                Ao chegar aos Olivais Carlos foi encontrar Mª Eduarda debulhada em lágrimas e ela quis-lhe contar o seu passado, mostrando que a mãe é que tinha sido a culpada da sua desgraça. Mª Eduarda em choro pediu perdão a Carlos, relembrando o dia em que tinha tentado falar com ele, insistindo que tinha algo para lhe dizer, quando se declararam um ao outro. Carlos insistia em mostrar-se ultrajado com a mentira de Mª Eduarda, mas por fim não resistiu mais e, tomado pela emoção, pediu-a em casamento.

Autoras: Flávia Dias, nº 11 e Sónia Pina, nº 26, 11º L3

Resumo do capítulo XIII d'Os Maias

Este capítulo dá conta da bisbilhotice de Dâmaso, que continua a apregoar em Lisboa a história dos amores de Carlos e Mª Eduarda, mostrando-se despeitado e humilhado no seu orgulho pelo facto de ter sido rejeitado, ele que se considerava irresistível entre as mulheres.
Carlos cruza-se com Dâmaso na rua, que está acompanhado de Gouvarinho e de Cohen, e ameaça-o de lhe arrancar as orelhas. Dâmaso reage de um modo cobarde, como é próprio do seu caráter.
Chega depois o dia em que Carlos leva Mª Eduarda a conhecer a quinta dos Olivais, tendo os dois decidido chamar-lhe a Toca. No dia seguinte o aniversário de Afonso reúne os seus amigos no Ramalhete e Afonso comunica a sua decisão de ir passar uns dias à quinta de santa Olávia. Baptista  avisa Carlos que tem alguém à porta, numa carruagem, que lhe quer falar. Trata-se da madame Gouvarinho, que deseja obter explicações sobre as faltas de Carlos aos encontros. No final despedem-se abruptamente e a condessa dirige insultos a Carlos, ameaçando vingar-se.  

Resumo do capítulo XII d'Os Maias

Neste capítulo os dois apaixonados assumem finalmente o seu amor um pelo outro. Entretanto, para que este amor possa escapar à exposição pública, Carlos aluga ao Craft a sua quinta nos Olivais e compra-lhe os móveis e as coleções, para lá instalar Mª Eduarda.

                Carlos estava a regressar ao seu Ramalhete e encontrou Ega no seu quarto. Carlos e Ega abraçaram-se, mas Ega disse que apenas vinha a Lisboa por uns dias. De seguida perguntou a Carlos se tinha quarto para ele, ali no Ramalhete, apesar de estar instalado no Hotel Espanhol. Claro que a resposta de Carlos foi positiva.
                Ega tinha viajado de comboio, onde encontrara a Madame Gouvarinho. Ega começou a “picar” Carlos por causa da senhora Gouvarinho, e Carlos disse que nunca tinha tido nada para além de relações superficiais com essa senhora. Carlos também informou Ega sobre o regresso dos Cohen, mas Ega já sabia da novidade, supondo-se que talvez fosse esse o motivo da sua vinda para a capital.
Ega foi então cumprimentar Afonso, que o questionava sobre o facto de ele não concluir os seus livros. Afonso incitava os dois jovens a fazerem algo pelo país, lamentando a inércia em que eles se afundavam. 
                Numa segunda-feira chuvosa, Ega e Carlos foram ao jantar dos Gouvarinho. Enquanto estavam a caminho, Ega perguntou a Carlos sobre uma tal brasileira, na companhia da qual Dâmaso dissera que ele passava todas as manhãs. Dâmaso andava a espalhar no Grémio que Carlos se interpusera entre ele e essa senhora, aproveitando a sua ausência para a conquistar e que ela teria preferido Carlos por ele ser mais rico. Carlos percebeu então como a sua relação com a Mª Eduarda começava a ser enxovalhada pela “ tagarelice “ e impertinência de Dâmaso.
                Enquanto se dirigiam à mesa, à hora do jantar, madame Gouvarinho tomou o braço de Carlos e aproveitou logo para lhe fazer alusões à “ brasileira “. Durante a refeição falou-se sobre viagens, a propósito de países como a Rússia e a Holanda, e sobre um livro que censurava a colonização portuguesa em África. Então debateram sobre a escravatura, defendida por Ega e condenada pelo deputado Sousa Neto, representante da Administração Pública, que tinha a seu cargo a Instrução. Falaram ainda de criados e do gosto por paradoxos. O conde Gouvarinho tentava lembrar-se de um paradoxo brilhante, da autoria de um senhor Barros, ministro do reino, mas atraiçoava-o a sua falta de memória. Comentou-se a sobremesa, que estava deliciosa, e falaram também de animais, a propósito de um cão que pertencia a madame Gouvarinho e que já tinha morrido, causando-lhe um enorme desgosto. Entretanto a condessa de Gouvarinho pertencia à Sociedade Protetora de Animais e Ega declarou pertencer à Sociedade de Geografia.
 O ambiente tornou-se mais descontraído e, no meio do clamor das conversas, Carlos explicou à condessa que a razão para frequentar a casa da senhora de quem Dâmaso falava se devia aos seus serviços de médico, uma vez que a governanta estava doente. Aliás até tinha sido o Dâmaso que primeiro o levara à família, para tratar da filha dessa senhora. Assim, Carlos e a madame Gouvarinho acabaram por se reconciliar e o pé da condessa já apertava o de Carlos, mostrando o desejo de uma aproximação. A mulher de Sousa Neto continuava a falar da Rússia, tendo-se depois percebido as razões da sua preocupação com esse país, porque o seu filho ia como segundo-secretário para a legação de São Petersburgo. D. Maria da Cunha comentava entre dentes que ele era um rapaz medíocre, que nem francês sabia falar. Ao café, Sousa Neto mostrou a Carlos o seu prazer em tê-lo conhecido, falando-lhe também no avô e nos pais.
Abordou-se depois o tema das mulheres e Ega afirmou que a mulher não precisava de instrução, tendo apenas o dever de ser bela, “ cozinhar e amar bem “. O conde concordava, dizendo que o lugar da mulher era “ junto do berço, não na biblioteca “. Ega entretanto questionava Sousa Neto a propósito de Proudhon, um filósofo francês muito lido na época, que tinha escrito sobre o amor. Não querendo revelar a sua ignorância, Sousa Neto procurava fugir às perguntas e declarou não querer discutir com Ega.
Sousa Neto entabulou depois conversa com Carlos, falando de Paris e de Londres e pedindo-lhe as suas impressões sobre essas cidades. Mais tarde a condessa Gouvarinho justificou o pretexto de o seu filho estar constipado para pedir a Carlos que o fosse ver. Quando se apanhou sozinha com ele beijou-o e impôs-lhe um encontro para o dia seguinte em casa da sua tia. Entretanto Charlie dormia tranquilamente no seu berço.
Chegaram por fim Teles da Gama e o conde Steinbroken. O resto da noite passou-se no salão, ao som dos fados de Teles da Gama e de melodias da Finlândia.   
                No dia seguinte, depois do encontro com a condessa, Carlos correu a casa de Maria Eduarda, que já o esperava, estranhando a sua demora. Carlos conversou animadamente com Rosa e preparava-se para beber chá com Mª Eduarda, quando Domingos veio anunciar a visita de Dâmaso. Então Mª Eduarda mandou responder que não recebia. Depois de o sentirem bater a porta, Mª Eduarda comunicou os inconvenientes daquela casa, tão acessível a visitas importunas.
 Mª Eduarda manifestou o desejo de arranjar uma casa de campo onde pudesse passa os meses de verão com a filha e Carlos lembrou-se logo da casa do Craft, nos Olivais. Depois disso Carlos declarou-se a Mª Eduarda. Maria Eduarda também amava Carlos, mas antes de tudo tinha uma revelação a fazer-lhe.
Carlos interrompeu-a, dizendo-lhe que ela era a eleita do seu coração e que queria fugir com ela e com Rose para um lugar onde pudessem viver tranquilamente o seu amor.
No dia seguinte Carlos procurou Craft nos Olivais, para lhe alugar a casa e a quinta e comprar-lhe os seus móveis e decoração. Assim que pôde Carlos foi comunicar a novidade a Mª Eduarda. De repente tudo correspondia a um conto de fadas e entravam naquela casa com luzes acesas e as jarras cheias de flores, sem precisarem de transportar nada. Afonso da Maia aprovou a aquisição do neto.
 Entretanto Ega estranhava o facto de Carlos não lhe confidenciar nada sobre a sua paixão. Por fim Carlos acabou por contar toda a sua história de amor ao amigo e Ega ficou impressionado, percebendo que Carlos tinha encontrado o seu destino.

O capítulo XII é decisivo no desenrolar da ação. É impossível resistir-se à dúvida acerca da possibilidade de um final feliz para a ligação de Carlos e Mª Eduarda, já que se começam a desenhar tantos entraves. Por enquanto vamos entregar-nos à ilusão do amor, enquanto pudermos fazê-la durar, e vivê-la com a intensidade que ela merece.

Autora: Andresa Pereira, nº 3, 11º L3

domingo, 15 de abril de 2012

Resumo do capítulo XI d'Os Maias


O presente capítulo representa um ponto alto na ação, uma vez que Carlos conhece finalmente a mulher por quem se sentiu atraído desde o primeiro momento em que a viu. Essa oportunidade surgiu quando menos se esperava, porque Mª Eduarda enviou um bilhete a Carlos, solicitando os seus serviços de médico para a governanta miss Sara, que se encontrava doente.
A emoção fica ao rubro, quando Carlos se vê na presença de Maria Eduarda. Nesta altura perguntamo-nos como é que Carlos conseguirá disfarçar o seu embaraço e manter a pose de médico, escondendo o encantamento com que absorve as palavras e os gestos da amada, ao mesmo tempo em que aprecia a sua beleza.

         Carlos visita a senhora Castro Gomes, para dar a consulta solicitada no bilhete que havia recebido, e acaba por descobrir que a senhora se chama Maria Eduarda, admirando-se com a semelhança existente entre o nome de ambos (Carlos Eduardo / Mª Eduarda). Carlos descobre também que é a governanta, miss Sara, que se encontra doente.
                Carlos conversa com Maria Eduarda e, depois de observar miss Sara, passa-lhe uma receita e diz-lhe quais os cuidados que deve ter com a governanta, explicando ainda que ele próprio irá observá-la diariamente.
                Nessa noite Carlos tinha o encontro que a madame Gouvarinho planeara para a fantástica noite em Santarém, porém Carlos começava já a odiá-la, pela posse que ela presumia ter sobre ele, tomando decisões que o envolviam. Por sorte, o senhor Gouvarinho, querendo visitar o sogro, decidiu à última da hora ir com a mulher para o Porto, o que acabou por beneficiar Carlos. Na estação dos comboios Carlos também encontrou Dâmaso, que ia ao funeral de um tio. Dâmaso chegou mesmo a pensar que Carlos estava ali para lhe dar os sentimentos e Carlos não o desiludiu. Com madame Gouvarinho e Dâmaso afastados, Carlos poderia assim desfrutar em paz as visitas a casa de Maria Eduarda, para dar assistência a miss Sara, enquanto ela estivesse doente.
                Nas semanas seguintes, Carlos foi-se familiarizando com Maria Eduarda, tudo graças à doença de miss Sara. Ambos falavam das suas vidas e até mesmo dos seus conhecidos. Entretanto Dâmaso voltou de Penafiel, onde fora ao funeral do tio, e decidiu ir visitar Maria Eduarda.
Ao chegar, Dâmaso estranhou a presença de Carlos naquela casa e a deferência com que parecia ser recebido, estando com "Niniche" (a cadela de Maria) ao colo, que lhe rosnou e ladrou. Dâmaso acabou por ficar zangado e cheio de ciúmes.
Carlos foi o primeiro a sair, porque se saturou do facto de Dâmaso se demorar, impondo a sua presença.
Sabe-se, no final do capítulo, que os Cohen regressam de Inglaterra.

Neste momento da ação justifica-se que o leitor intensifique a avidez com que se embrenha na leitura, pois surge aqui um ingrediente que a vai colorir e que consiste na clássica disputa entre dois pretendentes à mesma mulher. Será que Dâmaso desiste da sua presunçosa pretensão de que pode ter uma aventura com Mª Eduarda? Aceitará facilmente a preferência de Mª Eduarda por Carlos? Até onde o irão conduzir os ciúmes? As respostas encontram-se nos próximos episódios.

Autores: Dário Fortes e Leticia, 11º L3

Resumo do capítulo X d'Os Maias



Este capítulo contém o célebre episódio das corridas, um episódio crítico, onde se apresenta a alta sociedade lisboeta, num evento social que se presume de civilizado. Querendo parecer chiques, os portugueses imitavam os costumes estrangeiros, importando as suas modas, neste caso as corridas inglesas de cavalos. Verifica-se que seriam mais apropriadas as touradas, tendo em conta a tradição portuguesa e também a facilidade com que afinal “ estalava o verniz “, mesmo nas pessoas da alta sociedade.
            Ocorre uma situação caricata e ridícula, quando irrompe uma discussão, sob o pretexto de que tinha havido “ batota “ nas apostas, havendo insultos e pancadaria. As mulheres fogem em gritos histéricos, perdendo também a pose e os bons modos.                

O capítulo X começa com a narração do desfecho de um encontro de Carlos com Gouvarinho e revela que Carlos já se sente farto dela: “E nessa tarde, como não havia ainda outro esconderijo, tinham abrigado os seus amores dentro daquela tipóia de praça. Mas Carlos vinha de lá enervado, amolecido, sentindo já na alma os primeiros bocejos da saciedade. Havia três semanas apenas que aqueles braços perfumados de verbena se tinham atirado ao seu pescoço – e agora, pelo passeio de S. Pedro de Alcântara, sob o ligeiros chuvisco que batia as folhagens da alameda, ele ia pensando como se poderia desembaraçar da sua tenacidade, do seu ardor, do seu peso…”.
Quando, depois, Carlos ia a descer a rua de S. Roque, encontrou o marquês. Durante a conversa, Carlos apercebeu-se que a corrida de cavalos tinha sido antecipada para o Domingo seguinte. Maia ficou contente, pois daí a cinco dias iria, finalmente, conhecer a mulher que ele vira à entrada do Hotel Central, pois certamente também iria estar nas corridas, um acontecimento social tão divulgado.
Enquanto Carlos e o marquês vão falando das corridas, Maria Eduarda passa no seu coupé, deixando Carlos ali estagnado a observá-la, enquanto Rose o aponta à mãe, explicando-lhe, talvez, que fora ele o médico que a tinha consultado: “Carlos olhou, casualmente; e viu, debruçado à portinhola, um rosto de criança, de uma brancura adorável, sorrindo-lhe, com um belo sorriso que lhe punha duas covinhas na face. Reconheceu-a logo. Era Rosa, era Rosicler: e ela não se contentou em sorrir, com o seu doce olhar azul fugindo todo para ele – deitou a mãozinha de fora, atirou-lhe um grande adeus. No fundo do coupé, forrado de negro, destacava um perfil claro de estátua, um tom ondeado de cabelo loiro. Carlos tirou profundamente o chapéu, tão perturbado, que seus passos hesitaram. “Ela” abaixou a cabeça, de leve;”.
No fim de ver passar o coupé, Carlos e o marquês dirigem-se ao Ramalhete; Maia, pelo caminho, vai traçando um plano para se encontrar com Maria Eduarda. Chegando ao Ramalhete juntam-se todos, estando também presente o Dâmaso.
Durante o jantar Carlos vai contar a Dâmaso o seu plano para conhecer os Castro Gomes: este levá-los-ia até aos Olivais para lhe mostrar a coleção de Craft e em seguida jantariam no Ramalhete.
Depois do sarau no Ramalhete, chega o dia das corridas. Carlos vai ao hipódromo na esperança de ver Maria Eduarda, mas fica desiludido, pois ela não aparece.
É Domingo, um dia quente, com o céu azul. No Hipódromo Carlos fala com a sua velha amiga D. Maria da Cunha e conhece Clifford, que era o dono do cavalo que tinha mais expectativas de ganhar e por causa de quem as corridas tinham sido antecipadas.
Entretanto, a Gouvarinho diz a Carlos que seu pai faz anos e ela tem de ir ao Norte. Propõe-lhe então que se encontrem na estação e que sigam juntos no comboio até Santarém, onde passarão a noite juntos; depois, ela seguirá até ao Porto e ele regressará a Lisboa. Carlos hesita.
Houve algumas complicações durante a prova das corridas, que causaram uma desordem, provando-se, assim, que as pessoas de sociedade que ali estavam, embora pretendessem dar-se ares de civilizadas, facilmente perdiam a postura, deixando “ estalar o verniz “.
Carlos, para animar as corridas, decide apostar num cavalo que aparentemente não promete sair vencedor, mas, surpreendentemente, o animal acaba por ser o primeiro a chegar à meta e Carlos consegue ganhar muito dinheiro.
Aqui podemos aplicar o provérbio “Sorte no jogo, azar no amor ”. Este é o primeiro presságio do capítulo: “- Ah, monsieur – exclamou a vasta ministra da Baviera, furiosa – mefiez-vous… Vous connaissez le proverbe: heureux au jeu…”
Entretanto Carlos vai falar com Dâmaso e ele conta-lhe que Castro Gomes partira para o Brasil e que Maria Eduarda está num apartamento no prédio do Cruges.
De regresso a casa, Carlos pensa na desculpa de querer falar com Cruges, só para poder passar pelo prédio onde também está Maria Eduarda, alimentando assim a esperança de a ver. No entanto, quando chega ao prédio, a criada diz que Cruges não está e Carlos acaba também por não ver Maria Eduarda.
Carlos regressa ao Ramalhete, onde encontra Craft. Um criado entrega uma carta a Carlos. Ao abri-la depara com uma agradável surpresa, pois a autora é a senhora Castro Gomes, que lhe pede para ir consultar na manhã seguinte uma pessoa de família que se encontra doente. Carlos resplandece de tal modo de felicidade que Craft percebe que lhe terá acontecido algo de muito bom. Respondendo a Craft, dá-se então um segundo presságio, nas palavras de Carlos:
“- A gente, Craft, nunca sabe se o que lhe sucede é, em definitivo, bom ou mau.
-Ordinariamente é mau.”

Prefigura-se, então, o tão ansiado encontro entre Carlos e Mª Eduarda, as duas personagens entre as quais o leitor já adivinhou a existência de uma grande atração. É altura de nos embrenharmos nesta história de amor. 


Autores: Carlos Tavares, nº 5; Rúben Silva, nº 23, 11ºl3