sábado, 3 de março de 2012

Resumo do capítulo I d'Os Maias


Os Maias eram uma antiga família da Beira, que acabou por ficar reduzida ao avô, Afonso da Maia, e ao neto, Carlos Eduardo.
No outono de 1875, Carlos da Maia e o avô, Afonso da Maia, vieram instalar-se na sua casa de Lisboa, conhecida pelo nome de “ Ramalhete “.
A casa do Ramalhete estava abandonada, desde que a família se tinha retirado para a quinta de santa Olávia, nas margens do Douro.
 O procurador da família enumerou a Afonso da Maia os inconvenientes da decisão de se dar habitabilidade ao Ramalhete, pois a casa precisava de muitas obras, tinha apenas um quintal no lugar de um jardim e, além disso, havia uma lenda segundo a qual eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete (indício de fatalidade). No entanto, Afonso da Maia manteve-se firme na sua decisão.
Carlos, que era um rapaz de gosto e de luxo, entregou a reconstrução do Ramalhete a um arquitecto e decorador inglês e da casa antiga só restou a sua fachada, por imposição de Afonso.
Terminada a reconstrução, a casa manteve-se fechada, enquanto Carlos fez uma longa viagem pela Europa, após ter terminado o curso de medicina em Coimbra, e foi na véspera da chegada do neto que Afonso se veio também instalar no Ramalhete, deixando a casa da quinta de santa Olávia. Carlos alimentava projetos de exercer a sua carreira e o avô queria estar perto dele.
Afonso gostava do Ramalhete e do próprio bairro onde a casa se situava, embora lhe desagradasse o facto de os prédios construídos em redor terem ocultado quase completamente a paisagem que se vislumbrava do terraço, tendo-lhe restado apenas uma “ pequena tela marinha “ com o rio e os seus barcos entre dois prédios de cinco andares.
O terraço comunicava com o escritório de Afonso, onde Carlos tinha preparado especialmente um recanto ao avô, ao lado do fogão.
De santa Olávia, Afonso mantinha a saudade das suas ricas águas, que o tinham mantido robusto até à velhice.
Carlos via o avô como um Afonso de Albuquerque, “ um varão esforçado das idades heróicas “, embora Afonso se considerasse apenas “ um antepassado bonacheirão que amava os seus livros, o aconchego da sua poltrona, o seu whist ao canto do fogão “. Por sua vez, o procurador Vilaça via-o como um patriarca, quando o vinha encontrar ao canto da chaminé, com o seu livro na mão e o seu velho gato aos pés, o “ Reverendo Bonifácio “.
 No passado, Afonso tinha sido um rebelde jacobino, ou seja, um liberal, admirador da “ Enciclopédia “, de Rousseau, Volney e Helvécio, o que chocou o seu pai, Caetano da Maia, um português dos antigos, que, sentindo-se desonrado com as ideias liberais do seu filho, o expulsou de casa, desterrando-o para a sua quinta de santa Olávia.
 Após alguns meses de desterro em santa Olávia, Afonso, saturado do ambiente de marasmo da quinta, voltou, aparentemente arrependido, a pedir ao pai que o deixasse ir para Inglaterra.
Em contacto com o luxo inglês, Afonso depressa esqueceu as suas ideias revolucionárias e só regressou a Lisboa quando o seu pai morreu. Nessa altura conheceu D. Maria Eduarda Runa, com quem veio a casar-se e de quem teve um filho.
A família Maia vivia num palacete, em Benfica, mas Afonso vivia desgostoso com a política miguelista, alimentando saudades de Inglaterra e da sua requintada aristocracia.
 A ideologia política de Afonso tornou-se conhecida e um dia a sua casa foi invadida e revistada pela polícia, que procurou, em vão, papéis e armas, que esperava encontrar escondidos.
 Depois das buscas efetuadas pela polícia, a família Maia não abriu mais as portas do seu palacete e partiu para Inglaterra, tendo-se instalado com luxo, nos arredores de Londres.
A família Maia vivia rodeada de conforto, mas Eduarda Runa definhava em Londres, com saudades do seu país, pois não apreciava o clima de Inglaterra nem o seu protestantismo.
Odiando tudo o que era inglês, Eduarda Runa também não aceitara que Pedro estudasse num colégio inglês, tendo mandado ir de Lisboa o padre Vasques para educar o seu filho, ensinando-lhe o catecismo e o Latim. Afonso vivia desgostoso com o tipo de educação que Pedro recebia, querendo proporcionar-lhe o contacto com a natureza, mas não conseguiu sobrepor-se à influência da mulher.
Maria Eduarda não deixava de alimentar as saudades do seu país, que nem uma viagem por Itália acalmou, e foi necessário regressar a Benfica.
 Uma vez em Lisboa, o padre Vasques marcava presença na casa dos Maias, que era também constantemente visitada por outros religiosos, que exploravam as esmolas de Maria Eduarda Runa, o que despertava a revolta de Afonso contra igrejas e padres.
Pedro estava um homem, mas tinha um carácter frágil e melancólico, não ousando sequer contestar o padre Vasques, a quem detestava.  
Afonso quis mandar Pedro para Coimbra, mas mais uma vez viu-se forçado a obedecer à mulher, que não quis separar-se do filho.
 Do carácter de Pedro, sobressaiu uma grande tendência amorosa, o que fez com que aos dezoito anos já tivesse o seu “ bastardozinho “.
Quando Maria Eduarda Runa morreu, Pedro passou por um longo período de agonia, em que visitava todos os dias a campa da mãe, tendo passado, depois, a frequentar botequins, para afogar a sua dor, e tendo regressado, finalmente, ao mesmo estado de abatimento.
Um dia as crises de Pedro acabaram, pois ele estava apaixonado, alimentando um amor que tinha nascido de uma simples troca de olhares com uma bela senhora loira que viu passar numa caleche, acompanhada do seu pai, numa tarde em que estava no Marrare.
Um rapaz chamado Alencar, poeta romântico, vendo o interesse com que Pedro seguia a caleche que transportava aquele rapariga loira pelo Chiado, propôs-se dar-lhe informações sobre ela, em troca de uma garrafa de champanhe.
 Segundo Alencar, a rapariga chamava-se Maria Monforte e tinha aparecido em Lisboa dois anos antes, tendo o pai alugado uma casa em Arroios e tendo a rapariga começado a causar impressão no teatro de S. Carlos. O passado do velho Monforte não era muito abonatório, pois uma facada nos Açores tinha-o levado a fugir num navio americano, mais tarde tinha sido feitor numa plantação da Virgínia e, por fim, tinha feito fortuna no tráfego de negros. Por isso Maria, que causava o despeito das senhoras, devido às suas jóias, à sua beleza e aos seus magníficos cabelos loiros, recebeu o apelido de “ negreira “.
 Pedro soube por Alencar que um amigo chamado Melo conhecia os Monforte e, duas semanas depois, já Pedro acompanhava esta família no teatro de S. Carlos.
Os velhos amigos dos Maias depressa comunicaram a Afonso os amores de Pedro, embora Afonso já suspeitasse de alguma paixão do filho, devido ao movimento do escudeiro que todos os dias partia da quinta com um ramo de flores e regressava a cheirar o perfume de um envelope.
Depois de conhecer o passado desonroso do pai Monforte, Afonso só aceitava que Maria fosse amante do filho, embora mesmo esse lugar fosse vergonhoso.
Entretanto Afonso começou a sentir-se inquietado com as saídas do filho e com os comentários dos amigos, que sugeriam que o Pedro fizesse uma longa viagem e manifestavam o seu desagrado pelo facto de Lisboa estar tão mal frequentada.
No verão Pedro partiu para Sintra, pois os Monforte tinham lá alugado uma casa. Entretanto Vilaça informou Afonso que Pedro o tinha questionado sobre os seus bens e sobre a possibilidade de levantar dinheiro.
Afonso pensava que Pedro quereria apenas sustentar alguns caprichos de amante, não imaginando que o filho alguma vez se atrevesse a desonrar o nome da família, casando com Maria.
Um dia Afonso cruzou-se com Maria, tendo-a visto passar na caleche do seu filho, sentada ao lado de Pedro e abrigada numa sombrinha escarlate, que envolvia Pedro como se fosse uma mancha de sangue (indício de fatalidade).
Finalmente Pedro veio pedir a Afonso licença para casar e, como o pai recusou, Pedro abandonou a casa de Benfica e hospedou-se num hotel.
Quando Vilaça informou Afonso que Pedro tinha casado e que iria partir para Itália, em lua de mel, Afonso, mostrando a maior serenidade, limitou-se a dizer ao escudeiro que retirasse da mesa o talher de Pedro. No final do almoço, ao levantar-se Afonso apoiou-se no braço de Vilaça, “ como se lhe tivesse chegado a primeira tremura da velhice “. Entretanto falaram de política e não se mencionou mais o nome de Pedro.
Para se poderem perceber os antecedentes da família, faz-se um recuo no tempo, nomeadamente à juventude de Afonso da Maia, para se recuperar o seu passado. Como se designa esse processo narrativo?
E agora? Como será o futuro de Pedro com Maria Monforte? Será que Afonso acabará por aceitar o casamento do seu filho? Esteja atento aos próximos episódios.
Professora Mª Judite Morais

14 comentários:

  1. O processo narrativo utilizado é a analepse.

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  2. Parabéns ao site que através de uma linguagem simples-característica que, definitivamente, não caracteriza a escrita d'os Maias- e esclarecedora, revela a história realmente digna de património português. Finalmente agora, posso dizer que desfrutei-a como é merecida.

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  3. aulas online
    e o pessoal a ver estes resumos durante as orais e os testes
    POG

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  6. Among us imposter ta sus de dar vent na eletrical por isso veja a med bay

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  7. Ganda texto cor de pele com background cor de pele isto é peak web design

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